Indústria
Levantamento
Indústria e agro ampliam espaço na economia de municípios do Piauí
Em pelo menos 15 cidades do interior, atividades econômicas assumem lugar antes ocupado pela administração pública
Emelly Caroline Alves - redacao@pinegocios.com.br
Em um período de duas décadas, o Piauí viveu uma transformação em sua estrutura econômica. De acordo com um levantamento da Secretaria de Planejamento do Estado (Seplan), com base em dados do IBGE, diversas cidades que antes tinham a administração pública e o setor de serviços como principais atividades econômicas, agora destacam-se na agropecuária e na indústria.
Entre 2002 e 2021, municípios como Barreira do Piauí, Corrente, Bom Jesus, Uruçuí, Gilbués, Currais, Landri Sales e Monte Alegre do Piauí, que antes eram dominados pelo setor de serviços, agora têm a agropecuária como atividade principal. Este avanço é impulsionado principalmente pelo crescimento na produção de soja e outros grãos, alterando a dinâmica econômica local.
Além disso, municípios como São João do Piauí, Lagoa do Barro do Piauí, João Costa, Simões, Fronteiras, Queimada Nova e Marcolândia, antes centrados em serviços, agora veem a indústria como a principal força motriz de suas economias. A geração de energia elétrica, especialmente por meio de fontes renováveis como eólica e solar, tem sido um fator chave nesse desenvolvimento.
Para o economista Fernando Galvão, esse fenômeno está ligado ao dinamismo dos municípios, mas especialmente às condições naturais que esses locais têm para atrair investimentos, seja na área de produção de grãos ou de energias renováveis. “Nosso estado tem condições muito propícias para atrair investimentos e que podem turbinar a atividade econômica nesses municípios. Uruçuí, por exemplo, tem se mostrado um dos municípios mais dinâmicos do Piauí. Ele tem um dos maiores PIBs do estado”, comenta.
Apesar do setor de serviços ainda predominar no PIB do Piauí, com mais de 70% do total, o estudo aponta que a participação da agropecuária e da indústria vem aumentando. Em 2002, a administração pública representava 86% das principais atividades econômicas, seguida por serviços (8,1%), agropecuária (4%) e indústria (1,9%). Em 2021, a administração pública ainda liderava com 87,9%, mas houve um crescimento na agropecuária (5,8%) e na indústria (4,5%).
“Nós percebemos o quanto a indústria vem se destacando. O agronegócio, por sua vez, vai oscilar bastante, pois depende de questões naturais que devem ser levadas em conta. Porém, o cerrado piauiense é muito atrativo do ponto de vista geográfico e temos tido importantes investimentos que vêm de fora. Por isso, tem sido registrada uma grande expansão nos últimos anos”, ressalta Fernando Galvão.
O PIB estadual ainda é fortemente concentrado em 10 municípios, incluindo Teresina e Parnaíba. No entanto, municípios como Queimada Nova, Dom Inocêncio e Simões lideraram os maiores crescimentos em 2021. Já cidades como Ribeiro Gonçalves e Uruçuí têm se destacado na produção de grãos e figurado entre os 10 maiores PIBs do Piauí.
Segundo o estudo da Seplan, o PIB do Piauí vem se descentralizando nos últimos anos, deixando de ser concentrado somente nas grandes cidades do estado. “Assim, outros municípios estão crescendo. Precisamos acelerar ainda mais esse processo e conseguir fazer com que cidades pequenas tenham maiores participações no PIB”, enfatiza o economista.
Fernando Galvão conclui com a ideia de que é preciso que o estado tenha cada vez mais investimentos na produção e modernização da agropecuária e, principalmente, na infraestrutura. “Temos nossa vocação natural, mas isso não é suficiente. Precisamos investir mais em infraestrutura e mão de obra qualificada. O produtor também precisa ter acesso ao crédito e de políticas públicas estaduais. Dessa forma, criamos mais expertise na produção de grãos”, finaliza.
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